quarta-feira, 30 de maio de 2012

história de encantar na papillon

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no sábado, dia 2 de junho, entre as 11.00h e as 13.00h, na Papillon Vagabond vamos costurar um fato novo para o rei.
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a partir da versão escrita por Xosé Ballesteros e ilustrada por João Caetano de um conto clássico de Hans Christian Andersen "O fato novo do Rei" vamos contar histórias, brincar e celebrar o Dia Mundial da Criança.
Fica o convite para se juntarem a nós.
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organização: Maria José Santos
apoios: Papillon Vagabond | Kalandraka Portugal
leitura: e brincadeira Raquel Patriarca
.Papillon Vagabond - Avenida Boavista 3523, Loja 9, Porto, Portugal 4100-139
mais informação em: Papillon Vagabond | Kalandraka Portugal | Evento
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segunda-feira, 28 de maio de 2012

photo grafia LVIII

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"homo dei sum"
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página de manuscrito em pergaminho
cinco.agosto.doismileonze
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raquel patriarca
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curtas # 3 e meio

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não é ofício do poeta narrar o que aconteceu; é, sim, o de representar o que poderia acontecer com a verossimelhança possível.
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Aristóteles, 384 a.C. - 322 a.C.
Arte Poética, cap. IX
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a história de como o azeite

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Dom Azeite Azeitoninho de Monte-Plano Lampante Reguengos de
                                                            [ Oliveira Carocilho e Alarcão
Era um senhor rubicundo
e profundamente careca
que vivia numa ramada seca
em Azeitão.
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Falava imenso,
sempre muito alto –
com a sua cara de pele lustrosa
virada para cima a brilhar –
na toada discursiva
de quem sabe tudo,
peito inchado,
sobrolho franzido e
braços a gesticular.
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Gabava-se de ser Rei
das Hortas, das Oliveiras e da Criação,
Senhor dos Lagares do Azeite,
rico que nem sabia quanto!
Navegador d’ aquém e d’ além
do Regato Pingado da Rega
Imperador das varetas,
e isto e aquilo e mais que Santo.


Tinha só uma folha pelada
que chamasse sua,
o resto era basófia e
refinadíssimas balelas,
está mesmo bom de ver!
Por dentro
tinha um caroço
preto e duro como os outros,
e sangrava a mesma matéria,
densa e viscosa ao arrefecer.
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E lá andava muito empinado,
a rebolar por todo o lado,
a arengar à esquerda e à direita
com voz cava de cavalheiro.
Mas houve um dia
em que perdeu a compostura,
estalou-se-lhe o verniz da casca
e mostrou a polpa de arruaceiro:
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Alguém o chamou
sem as untuosidades de que ele gostava:
- Anda cá, ó Azeitona!
E ele parou de repente
engasgou-se-lhe o caroço,
passou-lhe uma coisa pela vista,
foi direito ao outro e zás!
Acertou-lhe uma tapona.
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E estavam todos tão cansados
das retóricas e tiques de
Dom Azeite Azeitoninho de Monte-Plano Lampante Reguengos de
                                                            [ Oliveira Carocilho e Alarcão
que foi um deleite:
É que o outro
era maior e não se ficou,
apanhou-o pela largueza da baga,
e apertou
e triturou
e torceu
e espremeu
e sacudiu
até que nada sobrou,
senão uma pocinha de azeite.
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raquel patriarca | vinteecinco.maio.doismiledoze