Olhou em redor e ficou maravilhado! O Sol, magnífico e luminoso, espreguiçava salpicos de fogo em todas as direcções. O menino sentiu-se quentinho por dentro e deixou-se ali ficar. À volta do Sol saltitava e saracoteava um pequeno astro a quem chamam Mercúrio, que é nome de remédio para pôr em joelhos esfolados. O menino percebeu logo a razão daquele nome: a pequena esfera saltava tanto e tão depressa que de certeza, de vez em quando, caía e se magoava.
Um bocadinho mais atrás, muito serena e elegante, flutuava a esfera de nome Vénus. Era muito bonita. Tinha uns olhos doces e profundos com pestanas longas e umas bochechas pequeninas e coradas. Sorriu timidamente ao menino e ele sentiu um esquisito calor na cara… devia ser do Sol. Disse-lhe adeus com a mãozita, virou as costas ao Sol e seguiu caminho.
O menino viajava pelo espaço como se estivesse a dançar suspenso no vazio. Ora andava muito descontraído como se passeasse no parque, ora se deitava de barriga para cima e batia os braços e os pés como se estivesse a nadar na praia. E às vezes, só para brincar, fazia de conta que pedalava na sua bicicleta.
Passado algum tempo encontrou uma esfera enorme, entre o vermelho e a cor do fogo, que tinha um ar muito simpático mas um bocadinho nervoso, e estava sempre a piscar os olhos e a fazer as caras mais cómicas que o menino já tinha visto.
– Olá! – Disse o menino – És tu aquele a quem chamam Plutão?
– Olá! – Respondeu a esfera – Eu chamo-me Marte. O Plutão é o último de todos, lá ao fundo onde está frio e escuro. Eu levava-te lá mas não me posso desviar do meu caminho... Já assim se diz por aí que sou um excêntrico! Achas que consegues ir sozinho? – Claro que sim! – Disse o menino. – Muito brigado. – Acrescentou enquanto dizia adeus a Marte que lhe sorria sempre a piscar os olhos.
O menino continuou a sua viagem e encontrou mais esferas. Júpiter era tão grande, mas tão grande que o menino nem conseguiu ver-lhe toda a cara. Viu só um olho risonho e uma bochecha gorducha. Estava muito entretido a cantar para si próprio enquanto orbitava e o menino não o quis interromper. A esfera chamada Saturno ria à gargalhada tão alto que fazia tremer as suas nove luas e tremeluzir as estrelas que estavam por ali perto. O menino percebeu depois que ela tinha uma multidão de pedras, pedrinhas e pedregulhos a girar à sua volta que lhe faziam muitas cócegas.
Um bocadinho mais à frente viviam mais duas esferas, Neptuno e Urano, um pouco mais pequenas, redondas e perfeitas, como dois lindos olhos azuis, que espreitavam do meio do escuro e, com carinho, lhe indicavam o caminho para Plutão.
raquel patriarca
três.março.doismilenove
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