quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

vontade de ti

“a medo vivo, a medo escrevo e falo”
António Ferreira, 1528-1569

E se é verdade o que dizem
sobre o amor não ser eterno.
É devolver o que se sente
ou se pensa que sente,
já sem certeza de nada,
e guardar apenas a memória
de um mundo enganado de
perfeições inventadas.

E aquele a quem se ama,
composição de conceitos
próprios, torna-se entidade livre
de à força ser imagem  e significado
de quem precisa de o amar.

E se é verdade que o amor não é eterno.
Pouco importa,
que hei-de manter as perfeições inventadas
por teimosia de vontade,
que não escondo nem calo.
Mas entretanto,
a medo escrevo, a medo vivo e falo.

b. pecorabuona
dezasseis.dezembro.doismileoito

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