quinta-feira, 2 de julho de 2009

casa feita de pó e de papel

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a minha casa é feita
de pó e de papel
labirinto de imagem, palavra e sonho

terra de magia e torre de babel

tem o cheiro acastanhado
dos segredos
e o silêncio da alma
assídua e devota
que toca com os olhos
e sente
na ponta dos dedos
cada estante, cada lombada, cada cota

os livros –
direitos ou tombados,
pequeninos e pesadões,
fora de sítio, arrumados,
e empilhados em montões –
chamam o meu nome
(com um chamar bonito)
em prosa ou em verso,
manuscrito ou impresso

depois dão testemunho
de ciência, ficção e memória
que me prende e liberta
num só momento
por uma página, por uma história
pelas palavras que alguém
um dia escreveu no vento

é de pó e de papel
esta casa que é uma ponte

tem um postigo no telhado
de onde vejo o horizonte
e uma janela enorme
que dá para o meu jardim

não é uma casa, nem é minha

no fundo
ela é todo o mundo
e faz parte de mim.

.

raquel patriarca
um.julho.doismilenove

2 comentários:

  1. Não existe nenhum texto que pudesse substituir este neste dia...adoro este PÓ, o CHEIRO, o SILÊNCIO, PESADÕES, PONTE, a imensidão daquele POSTIGO e acima de tudo adoro TODO MUNDO.

    MJP

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  2. a minha casa de papel e sonho,

    terra de cheiro acastanhado,
    dos segredo da alma devota
    com os olhos sente os dedos,
    cada cota

    os livros tombados e pesadões, arrumados em montões
    meu nome bonito em verso impresso

    depois dão memória
    e liberta-se o momento, a história que alguém escreveu no vento

    é de pó uma ponte no telhado
    o horizonte enorme, o meu jardim

    não é uma casa...
    no fundo todo o mundo parte de mim.

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