– E há muitos planetas, Plutão?
– Imensos! Há muitos que os cientistas conhecem e ainda muitos mais por conhecer. À volta do nosso Sol agora há oito planetas – Disse Plutão enquanto apontava para todas as esferas por onde o menino tinha passado. - A mim também já me chamaram planeta mas parece que sou demasiado pequeno e ganhei um novo nome.
– E tu não ficas triste? De não seres planeta como os outros? – Quis saber o menino preocupado.
Plutão atirou-se para trás e deu uma grande gargalhada.
– Não, querido! Não fico nada triste. – Sorriu para o menino com toda a doçura. Sabes, quando os cientistas descobriram que eu existia, eu já aqui estava há muito, muito tempo. Um tempo que só mesmo as estrelas conseguem lembrar. E vou ficar aqui muito, muito mais tempo. Mais cientistas hão-de vir com outras palavras engraçadas e nomes maravilhosos para nos dar a todos, e nós continuamos aqui, a dançar no espaço e a dar inspiração e grandeza aos sonhos dos cientistas meninos.
– E gostas do nome que te deram agora? Gostas de ser plutóide? – Perguntou o menino.
Plutão sorriu e abanou-se todo a dizer que sim.
– Oh sim! Estou muito contente. Já é magnífico quando nos dão um nome bonito. Mas quando inventam uma palavra nova só para nós, é muito mais especialíssimo! – Explicou Plutão muito entusiasmado. – Além disso ‘plutóide’ é uma classe muito mais fixe que planeta. E planetas há muitos.
– Ainda bem que estás contente! – Disse o menino mais aliviado. – Estava preocupado.
Plutão piscou o olho e continuou com a sua voz serena.
– Não precisas de te preocupar. Se pensares bem, nada mudou. Eu sou exactamente igual. Gosto deste cantinho do universo, mesmo frio e escuro. Penso que tenho tamanho, peso e massa em quantidades ideais. De vez em quando fico todo coberto de gelo e nessas alturas tenho muita pinta. Adoro os meus amigos. De longe a longe o Neptuno vem visitar-me para falarmos um bocadito sobre as magias do espaço.
– Eu também gosto muito de ti. – Confessou o menino. – Assim como és. – Acrescentou.
– Obrigado! – Respondeu Plutão um bocadinho corado. – Agora diz-me cá: o que raio é uma televisão?
O menino sorriu, sentiu-se muito importante por estar a ensinar coisas a um astro antigo e sábio, da idade do próprio tempo. Explicou tudo muito bem, com gestos e tudo, e respondeu a uma montanha de perguntas interessantes.
O menino esteve muito tempo à conversa com Plutão e os seus amigos. Depois despediu-se, prometeu fazer nova visita em breve e regressou ao planeta Terra.
O pai ainda estava a acabar de lanchar e o menino aproveitou para comer mais um pedaço de maçã e um bocadito de queijo, enquanto os dois acabavam de ouvir as notícias na televisão. Quando acabaram o pai perguntou:
– O que achas disto, filhote? Bestial não é? Uma nova classe de planetas!
– Sim, papá. Gosto especialmente da palavra ‘plutóide’… É muito engraçada. – Respondeu o menino. – Mas o Plutão de ontem é igual ao de hoje não é? No fundo não mudou nada, pois não?
– Pois não, filho! Tens razão. – Disse o pai. – Não era maravilhoso se pudéssemos viajar no espaço e visitar os planetas? – Perguntou ao mesmo tempo que pegava no filho ao colo para o pôr no chão.
– Sim, papá. Era maravilhoso! – Disse o menino enquanto respondia ao abraço do pai. – Era mesmo muito mais especialíssimo!
– fim –
raquel patriarca
três.março.doismilenove
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