segunda-feira, 10 de outubro de 2016

11.03+09.10



Há dias em que não se pode estar de bem com a vida. Ela rouba-nos fatias imensas da alma e deixa-nos o que sobra em pedaços descosidos, onde nos sentimos invadir por toda a sorte de correntes de ar. Depois o frio inverte-se de espaços e vem habitar cronicamente os corredores da nossa existência desconjunta. É suposto aceitarmos tudo com a indulgência palermamente universal de que, afinal, é a vida.

Não me consola que seja a vida. Já nem me consola o fim do sofrimento. Não me consola nada porque estou triste. Porque sou egoísta na minha tristeza e na carência que sinto a criar vazios onde antes costumavam morar coisas muito inteiras.

Escrevo porque não sei fazer sentido de nada. Não estou de bem com a vida e não tenho outra forma de lho dizer. Acusá-la de imperfeita nas contas que faz e nas sentenças que impõe. Dizer-lhe que é injusta e cruel e indizivelmente estúpida.

Há dias assim, em que ficamos sós com o silêncio e a saudade e não sabemos o que lhes fazer.

1 comentário: