quinta-feira, 30 de junho de 2011

curtas # 1 ou isto é lindo...

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vida, se nos estás a ouvir, sabe que caminhamos na tua direcção.
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José Luís Peixoto
impossível é não viver | excerto
2011
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terça-feira, 21 de junho de 2011

photo grafia LIV

"eu não fui"
(voltz, christian - eu não fui. trad. dora isabel batalim. porto: kalandraka, 2010)
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"a crocodila mandona"
(carvalho, adélia - a crocodila mandona. porto: tcharan!....2011)
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"aquiles, o pontinho"
(risari, guia - aquiles, o pontinho. il. marc taeger; trad. elisabete ramos. lisboa: kalandraka, 2008)
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fotografias|antónio.lima.reis
quinze.junho.doismileonze
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photo grafia LIII

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"intervalo"
(ou em que grau de cansaço mental se começa a fotografar os próprios pés?)
gabinete da ponta - quarto piso - adp - rua das taipas - porto
r.p.|vinteeum.junho.doismileonze
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segunda-feira, 13 de junho de 2011

poema pial

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toda a gente que tem as mãos frias
deve metê-las dentro das pias.

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pia número um
para quem mexe as orelhas em jejum.
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pia número dois,
para quem bebe bifes de bois.

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pia número três,
para quem espirra só meia vez.

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pia número quatro,
para quem manda as ventas ao teatro.

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pia número cinco,
para quem come a chave do trinco.

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pia número seis,
para quem se penteia com bolos-reis

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pia número sete,
para quem canta até que o telhado se derrete.

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pia número oito,
para quem parte nozes quando é afoito.

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pia número nove,
para quem se parece com uma couve.

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pia número dez,
para quem cola selos nas unhas dos pés.

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e, como as mãos já não estão frias,
tampa nas pias!

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fernando pessoa|1888-1935

quinta-feira, 9 de junho de 2011

a chuva

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chove.
chove muito imenso.
uma chuva intencional e substantiva que – mais do que
desprender-se do céu abandonada a um guião pré aprendido
nos ciclos genéticos secretos da água –
vem precipitada em franjas gordas e verticais a ver se esmaga
as planícies e as ondas do mar.
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tenho saudades de uma chuva andadeira e confortável,
que venha regar-me as magnólias e as ervas de cheiro.
uma água chuvente sossegada e silenciosa,
sem dúvidas e sem perguntas. falta-me essa atmosfera húmida,
pálida e plácida, com cheiros castanhos que me fazem dormente.
preguiçosa.
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chove tanto que sinto a cidade ceder e afundar, os telhados
perto da calçada, numa bidimensionalidade forçada
em que as superfícies visíveis das coisas não têm volume
porque não importam. e sobra só a chuva em forma de muitas
águas. caídas em muitos ciclos de tempo.
não sei de onde lhe vem a autoridade e a força incondicionais.
um carácter que assusta e faz inveja
porque toma conta de mim. mesmo sendo água e nada mais.
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chove muito imenso e o cantar descompassado nas telhas
e nas janelas, traz contos antigos em testemunhos de outras
monções. chovem gotas que um dia rolaram da pele
escamosa de um dinossauro e que caíram em cidades perdidas.
chovem as legendas líquidas de milhares de milhões de vidas.
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chove tanto que me chove por dentro. a água cobre e ensopa as
máscaras e os figurinos que me ocupam os corredores
que não quero ter à mostra. depois escorre-se e lava tudo
na enxurrada. fica o vazio onde ecoam os
silêncios inconvenientes das perguntas que se fazem
quando não está ninguém a ver.
ensurdecem-me as dúvidas e incomoda-me a inocência de não saber
o que serei quando crescer. ensurdece-me a chuva que não pára,
e fico presa à convicção que não há nada a fazer,
e que hoje o único verbo com propriedade de acção, é chover.
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pouso o lápis, abro as portadas grandes da varanda e saio.
estou descalça. e o chão está seco.
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r.p.|oito.junho.doismileonze
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terça-feira, 7 de junho de 2011

açúcar a cair do céu

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parte do frio que me vem aos ossos
nas noites de Inverno,
é saudade dos dias que
me colhias da cama -
embrulhada nos cobertores
com muito jeitinho -
e me levavas à janela
para eu ver o açúcar a cair do céu.

aqueço na memória do teu abraço
à volta dos cobertores,
com muito jeitinho.
r.p.|junho.doismiledez
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o dia da criança foi assim!

storytelling no dia mundial da criança
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"vamos escolher"

"e acomodar"

"era uma vez..."
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"eu não fui!"

"era outra vez..."

."eram muitas vezes..."

."o cuquedo!... ai que medo!"

."xiiiiiiiii!"
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biblioteca - escola básica da torrinha - porto 
fotografias|antónio josé lima reis