quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

fotocinário VI














Azul: adjetivo, grau normal – Tonalidade do espectro solar que se obtém pela sobreposição dos pigmentos ciano e magenta. Cor do céu e do mar. Parte do mundo necessária à compreensão do cor-de-laranja do sol-posto, do castanho da terra e do branco da praia. Condição de quem está triste e inverniço. Sentimento de querer só casa e escuro e silêncio. Paisagem de horizonte largo e sossego que se faz por dentro. Abraço.

raquel patriarca
catorze.janeiro.doismilecatorze

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

em 1837 sobre os livros e a leitura



de todas as coisas que se oferecem ao homem para lhe recrear os momentos de ócio, é a leitura talvez a mais aprazível, e seguramente a mais proveitosa. 
sem quebrar o repouso doméstico, sem vaguear pelas ondas do oceano, ou trilhar peregrino as sendas e desvios de países remotos, diante dos seus olhos se corre o pano à cena do mundo passado e presente, e do mundo da ciência e da arte; trava conversação com as personagens mais distintas de todas as épocas, e com os mais nobres engenhos de todas as idades; trata as inteligências de diversos países e bebe a largos tragos na taça da sabedoria. 
cidadão de todas as repúblicas, membro de qualquer sociedade, contemporâneo de qualquer século, só o homem dado à leitura pode, com verdade, dizer que para ele foi o universo criado.




in: panorama: jornal literário e instrutivo
lisboa: imprensa da sociedade de propaganda dos conhecimentos úteis
n.º1, 6.5.1837

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

cartas de viagem | amazónia | equador

diz que é uma espécie de papagaio, kakááá
mono [macaquito] ardilla
atenção, passagem de borboletas
mais uns dias aqui e crescem-me alguns nas orelhas
olha o passarinho, na boca da anaconda
lago garzacocha, o paraíso [la selva eco lodge]
oruga [larva] de borboleta
uma casa na floresta
ceiba, a árvore que se sobe
o príncipe, shuik
borboleta prima do mocho e sobrinha da serpente
Sixto, o índio mais sábio e doce da amazónia
Pedro Attenborough
casa de vespa e a dita
termitário

hoatzin, o elo perdido entre o pterodactilo e o resto das aves


homens a caminho do trabalho pela manhã


sorriso da piranha

cu-cu
a vida nocturna dos insectos
diário de viagem

in: diário de viagem: equador e perú | vol 1, pp.
raquel patriarca | julho.doismiletreze 
fotografia | pedro ribeiro | raquel patriarca

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

terceiro soneto

3.


Quero muito ser alegre e feliz.
Mas como, se não pára de chover,
Nas notícias que já nem posso ver
Toda_a estupidez que já ninguém diz

E entre_as tarefas que_eu hoje fiz
Nada encontro que possa merecer
O papel que vou estragando_a escrever
Palavras sem flor, tronco ou raiz.

A insónia que vem na madrugada,
O_impossível naquilo que prometo,
A chuva que cai e_a roupa molhada,

A rima, mais a quadra e o terceto,
Nesta coisa feia e desalinhada,
Tudo me faz mais triste que_o soneto.


Raquel Patriarca
trinta.janeiro.doismilecatorze