sexta-feira, 31 de outubro de 2014

a cor verde #2

a cor verde #2

ruínas restauradas da posada 
real fuerte de la concepción 
aldea del obispo - espanha


fotografia | raquel patriarca | vinte.agosto.doismilecatorze

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

poema de manhã

tenho carinho à roupa que me deixas na cadeira para dobrar
dobra-se-me o corpo na cadeira
com a roupa no meu meio

 
faz-me companhia na ausência de ti


raquel patriarca
vinteenove.outubro.dosmilecatorze

a reportagem da bonjóia

o serão na Bonjóia foi excelente e foi assim




dois.outubro.doismilecatorze
fotografias | rui moura

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

curtas # 9

why do we read?
to get to that place where we experience


wonder 


a moment in a story, no matter how strange, that has some semblance of the truth, and so we are able to believe it

Mac Barnett (1982-)


the willing suspension of disbelieve
Samuel Taylor Coleridge (1772-1834)
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photo-grafia LXV

a ler o principezinho


simba, em dia de trocar o teclado pela estante
escritório - casa - porto

fotografia | raquel patriarca | vinteequatro.setembro.doismilecatorze
 

terça-feira, 23 de setembro de 2014

photo-grafia LXIV

crescer em direcção à luz

a descer da catedral para o rio tormes
salamanca - espanha

fotografia | raquel patriarca | vinte.agosto.doismilecatorze

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

vamos à Feira do Livro do Porto?

No próximo sábado, dia 20 pelas 16h, eu mais o Era uma vez o Porto vamos estar na Avenida das Tílias nos Jardins do Palácio de Cristal, na Feira do Livro do Porto
Com ou sem chuva, tanto faz, que os verdadeiros tripeiros são assim rijos nos comprometimentos. 
Vemo-nos por lá.


sexta-feira, 5 de setembro de 2014

a cor laranja #1

a cor laranja #1


mesa da cozinha - porto


fotografia | raquel patriarca | vinteeoito.agosto.doismilecatorze

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

a vida não é só livros... há também as bibliotecas #3

1990: La Gloria, Colômbia
Biblioburro
 


As bibliotecas são normalmente entendidas entre dois conceitos, o do espaço arquitectónico e o da colecção que nele se guarda. E depois, há um terceiro conceito de biblioteca, preso ao mundo do sonho e do saber que se guarda nos livros e que deve ser de todos. O Biblioburro entra nesse conceito. É uma biblioteca itinerante que distribui livros nas costas de dois burros, o Alfa e o Beto. O projecto nasceu na região de La Gloria, na Colômbia, e foi idealizado, desenvolvido e executado por um senhor maravilhoso chamado Luis Soriano.
Encantado pelos livros e pelas histórias desde muito pequeno, Luis formou-se em literatura espanhola à distância, com a ajuda de um professor que visitava, duas vezes por mês, a aldeia onde vivia. Já adulto e professor numa escola primária, decidiu levar os livros e as histórias que o tinham arrancado ao isolamento, a outras crianças isoladas.
Foi assim que nasceu, nos anos 90, o Biblioburro, com uma colecção de 70 livros, todos infantis. Hoje, Luis é acarinhado em toda a região e conhecido como El Professor. Leva contos e livros de aventuras, enciclopédias, novelas, livros de medicina e agricultura e até um dicionário de espanhol da Real Academia Espanhola. A sua chegada é uma festa e demora-se sempre a ler histórias. Consta que de vez em quando é assaltado por guerrilheiros quando atravessa as montanhas e, como não tem mais nada de valor, levam-lhe novelas românticas e romances de aventuras.
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imagens daqui e daqui
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terça-feira, 2 de setembro de 2014

a cor verde #1

a cor verde #1

  vitral das varandas para a calle gibraltar
casa lis - museo art nouveau y art déco
salamanca - espanha


fotografia | raquel patriarca | vinte.agosto.doismilecatorze

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

A biblioteca


Eramos só os quatro a respirar
o meu pai, eu e as minhas duas irmãs

Nós
apertadas no escuro
que era estreito e morava entre corredores
que eram estreitos e moravam entre estantes –
altas        pesadas        absolutas –
carregadas de todos os títulos de todos os livros

Ele
solene     gutural
com o vagar da velhice e da eternidade
falava da sabedoria do mundo,
do sonho       da viagem         da ciência
do amor        da poesia           do engenho          da história
que nos deixava tudo em
herança de guardar e proteger

Isto
é a humanidade que resta –
dizia –
e fechava os olhos e preparava-se para morrer

Eu
desobediente
pensava que gritava mas
a voz sem substância
sumia-se nas páginas de todos os livros

A humanidade vive nas crianças
a alegria e a verdade e a
promessa categórica de todas as coisas que
são boas vive nas crianças

Havemos de querer guardar as crianças

Não haverá crianças para guardar –
dizia o meu pai – os filhos
da tragédia serão sempre velhos e
velhos serão os seus filhos e netos e nenhum
será criança e em todos viverá humanidade nenhuma
nada que preste de guardar ou proteger
e fechava os olhos e preparava-se para morrer

Morria de pé no meio do silêncio
que era fundo e morava entre corredores
que eram fundos e moravam entre estantes –
altas        pesadas        absolutas –
carregadas de todos os títulos de todos os livros


Lá fora – do outro lado
de paredes que não podíamos ver –
a tragédia uivava e a sua voz era a ruína do
mundo e a desgraça da humanidade
feita em escombros vazios de
toda a semântica ou qualquer préstimo      

Lá fora – do outro lado
de paredes que não podíamos ver –
a tragédia invocava razões –
altas        pesadas        absolutas       mentiras –
pensava que gritava mas
a voz sem substância
sumia-se nas páginas de todos os livros

Isto é a humanidade que resta –
rezava o meu pai – a vossa
herança de guardar e proteger e
entregar a ninguém a não ser
ao tempo e à memória –
e fechava os olhos e preparava-se para morrer

E nós –
desobedientes –
chorámos a tragédia e engolimos a escuridão
e escondemos em cada livro uma criança
em cada título um nome, escrito de
alegria e de verdade e da
promessa categórica de todas as coisas que
são boas

Eramos só as três a respirar
eu e as minhas duas irmãs –
de braços estendidos as palmas das mãos
viradas para cima a receber o sol
que não tinha fim e veio morar nos corredores
que não tinham fim e moravam entre estantes –
altas        pesadas        absolutas –
onde se guardavam todas as crianças do mundo
entre todos os títulos de todos os livros

Isto
é a humanidade que resta –
preparámo-nos para morrer e fechámos os olhos

raquel patriarca
sete.agôsto.doismilecatorze

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

cartas de viagem | vatnajökull | islândia

vatnajökull no parque nacional skaftafell - islândia


















O 'Vatnajökull' é o maior glaciar da Islândia e uma das maiores massas de gelo do mundo que ficam fora dos pólos. No coração do glaciar o gelo atinge 1km de espessura. Lá no meio do branco que nunca acaba e sempre para cima, fica a montanha mais alta do país, a Hvannadalshnjúkur. Lá no fundo, por baixo do gelo, moram vulcões de sono leve, como Eyjafjallajökul, que mantêm toda a gente nas pontas dos dedos. É lindo e é esmagador.


in: diário de viagem: islândia | pp. 
raquel patriarca | sete.abril.doismilecatorze
fotografia | raquel patriarca

domingo, 17 de agosto de 2014

Segunda redondilha


Feita parva no café
As palavras a fugir
E as rimas a seguir

Onde está a Lianor
Que tanto jeitinho dava
Pois já Camões ajudava
A rimar como_um senhor
Mas a mim dá-me_o calor
Ponho lápis a fingir
E_as palavras a mentir

Dedos em tique nervoso
Na mesa_a tamborilar
São patas de_aranha a_andar
Que escrevem sem repouso
Um poema mal fermoso
Com_as palavras a fugir
E eu quase_a desistir

Não sei que faça_à escritura
Nem ás voltas das ideias
Só me saem rimas feias
Estragadas na cesura
Lianor pela verdura
E eu atrás dela a rir
Com_as palavras a dormir



raquel patriarca | sete.agôsto.doismilecatorze