sábado, 9 de março de 2013

homenagem a manuel antónio pina

Hoje, no Bairro dos Livros, vamos homenagear  
Manuel António Pina
Começa tudo às 15h junto à Torre dos Clérigos

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.e foi assim...
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"a poesia [nunca] vai acabar"
com o Rodrigo Ferrão a dizer poemas no escadório da torre dos clérigos - porto

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A poesia vai acabar, os poetas
vão ser colocados em lugares mais úteis.
Por exemplo, observadores de pássaros
(enquanto os pássaros não
acabarem). Esta certeza tive-a hoje ao
entrar numa repartição pública.
Um senhor míope atendia devagar
ao balcão; eu perguntei: «Que fez algum
poeta por este senhor?» E a pergunta
afligiu-me tanto por dentro e por
fora da cabeça que tive que voltar a ler
toda a poesia desde o princípio do mundo.
Uma pergunta numa cabeça.
— Como uma coroa de espinhos:
estão todos a ver onde o autor quer chegar?
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Manuel António Pina | Ainda não é o fim nem o princípio do mundo calma é apenas um pouco tarde | 1974
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sexta-feira, 8 de março de 2013

amanhã na Biblioteca Municipal Almeida Garrett

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estão todos convidados a vir... e também podem trazer os adultos



 fotos | pedro ribeiro
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dia internacional da mulher

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INSUBMISSÃO

Somos corsárias
febris
por areias dos desertos

Seguimos estrelas cadentes
e montando os nossos sonhos
cumprimos roteiros incertos

Vamos atrás das paixões
com o faim à cintura
e a pena no coração

Para escrevermos poesia
invertendo o cantochão

Com a arte da insídia
olhamos o horizonte alucinando
os oásis, abismando sortilégios

Escutamos os clamores
os oceanos celestes
nos silêncios dos desertos

Buscamos os infiéis
com olhos de expiação

Somos hábeis e seguras
ambíguas, doces, cruéis
nós partimos sem regresso

Ora flibusteiras
em horas de cerração
entre a paixão e o inverso

Ora piratas do limbo
abandonando os arquétipos

A cimitarra à cintura
e o júbilo no coração
pelo avesso dos versos

Somos a rosa e o espinho
a sombra no seu desvão

Entre o fuso e o enigma
a navalha entreaberta
e os nevoeiros secretos

Somos corsárias
sonhando
nas areias dos desertos
 


Maria Teresa Horta | oito.março.doizmiletreze