terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

the power of the dark side

já alguma vez vos aconteceu sentirem-se incontrolavelmente sugados para o vosso lado negro? aquele lado que vem muito de vagarinho, cheio de boas intenções e falinhas mansas e que, de um momento para o outro, toma conta de nós e nos arrasta para um abismo terrível de sentimentos maus e coisas mal feitas?
eu descobri o meu recentemente. é uma criatura horrenda que eu devia fazer desaparecer num canto escuro da casa
 mas, como ainda sou um bocado inconsciente dos seus malefícios e arrogante da minha capacidade de o controlar, vou apresentá-lo juntamente com uma teoria de trazer por casa que desenvolvi desde que... bem, desde que fomos devidamente apresentados.
devo, em primeiro lugar, esclarecer que não existe um eu e um ele... sou só eu mas em cambiantes de luz diferentes... muito diferentes mesmo!
em segundo lugar, e vou já arrancar com a dita teoria, acredito que todos temos um lado negro mais ou menos normal, andadeiro, quase descartável, que aparece quando nos chega a mostarda ao nariz ou nos pisam os calos. um nós mal-disposto e agreste que surge em alturas diversas... no meio do trânsito, a ver futebol, na repartição de finanças ou a fazer compras de natal no shopping... é diferente para cada um.
mas há um outro nós, o nosso verdadeiro e terrível Lord Darth Vader, que é único e irrepetível e que representa o dom, ou A Força, de cada um mas aplicada ao mal!
passo a explicar. eu gosto de escrever. toda a vida quis escrever. o meu sonho é ser escritora. é o que me faz feliz. é o cantinho do mundo em que respiro melhor
 e encontro paz e solto a alma. é, se quisermos, a actividade que faz fluir A Força dentro de mim.
e é exactamente aí que o meu Lado (Mais) Negro vem atacar... onde há mais energia, mais capacidade... mais Força.
o que me acontece é que, sem eu perceber muito bem como, acende-se um rastilho de maldade que depois não consigo controlar. leio um texto com o qual não concordo, ouço uma opinião de que não gosto ou vejo algo que me desagrada... e click! dispara uma reacção em cadeia que é na maioría das vezes evitável e quase sempre descomunalmente exagerada.
começo normalmente – tenho andado a observar-me... – a arranjar-me na cadeira, a dobrar e esticar os dedos, a ajustar o computador na minha frente e debaixo das mãos. depois começo a escrever... e o barulhinho delicado das teclas transforma-se nos compassos aterradores da marcha que, no Star Wars, acompanha sempre a entrada em cena do Lord Vader, do Imperador, da Death Star, do Exército de Clones e por aí fora. É uma pena eu não conseguir reproduzir aqui o som... sabem qual é: POM-POM-POM-POM-PO-POM-POM-PO-POM, adiante!
depois... bem, depois é um nunca mais acabar de reparos irónicos, trocadilhos maldosos, críticas mesquinhas... sarcasmo, cinismo, veneno puro... do pior que se pode por aí encontrar. é horrível!
de início ainda pensei que fosse uma incursão literária pelos tradicionais géneros de escárnio e maldizer, mas as mais das vezes não é. é arrogância, é julgamento gratuíto, é egoísmo e é maldade.
e o pior de tudo é que um destes dias posso acabar por ofender alguém. mesmo a sério. e não queria nada. portanto, vou fazer o seguinte compromisso: sempre que me der um destes achaques, e não conseguir de maneira nenhuma fazer delete, vou assinar...
lord palpatine
fevereiro.doismileoito

3 comentários:

  1. cada um de nós vive, dentro de si, uma luta entre o consciente (aquilo que queremos ser) e o inconsciente (tudo o que não queremos ser mas que, apesar disso, faz também parte de nós).

    o único modo de ganhar a luta é negá-la.

    G

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  2. Clarifico o post anterior:

    Há momentos em que o nosso "lado negro" faz parte da nossa experiência de vida e, por isso mesmo, não pode ser negado porque, em última análise, nós somos o produto de tudo o que vivemos. Além disso, não podemos esquecer que tudo existe em equilíbrio com o seu oposto, isto é, para haver um "lado claro" tem que haver um "lado negro", logo, a negação da luta significa que aceitamos a igual importância de ambos.

    Contudo, há partes do nosso "lado negro" que nos assaltam pela calada, quando menos esperamos e, esses sim, devem ser negados porque não fazem parte do nosso projecto de "eu", aquilo que queremos SER.
    Por isso, negar a luta significa não alimentar esse "lado negro" pq só o facto de haver luta já implica a sua victória.

    G

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  3. graça:
    tu é linda! viva manteigas!
    obrigada.
    b.b.b.

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