A partida –
penso agora que cedo demais –
empurrou-me ao mundo
livre, é certo, mas ausente de bagagem.
Talvez por isso tenha arrecadado
sem critério
os materiais que compõem a vida alheia.
As folhas amarelas e as estrelas de anis,
as cerâmicas e os monos de pano sem cor,
as vozes ao longe,
os búzios e as bússolas,
as cordas de mil nós.
Todos os livros.
E agora,
fósforo riscado,
farei um verso do mais puro nada.
raquel patriarca | março.doismiledezoito