Acabei de ler o livro Irmão
Lobo há, pelo menos três meses. Tem estado, desde então, sossegadamente
pousado na minha mesa-de-cabeceira. Em parte porque me estava a custar deixá-lo
sair para o arrumar numa estante, onde ficaria sempre um pouco mais longe. Em
parte porque queria escrever sobre ele e não sabia como.
O livro é muito muito bom. A história que conta prende-nos a
atenção e chocalha-nos a consciência. E a forma como é contada carrega um
equilíbrio admirável entre aquilo que são as confusões e o ensimesmamento
próprios da juventude e a ausência de paternalismo e discurso pedagógico.
Como leitora e parte de uma faixa etária umas décadas à
frente, este livro não me é destinado. Ainda assim, acabei por construir uma
grande empatia com uma cachopa que é atirada para situações que não controla
nem compreende, ou talvez compreenda mas não consegue assimilar completamente,
que sofre desilusões e perdas que não sabe como sarar, ao mesmo tempo que se
prende à crença de que um dia, crescendo, as coisas possam vir a fazer sentido.
Independentemente das décadas à frente, sinto-me, muitas
vezes (muitas muitas vezes) atirada para imbróglios que não controlo nem
compreendo, ou talvez compreenda mas não sei gerir. E pergunto, frequentemente,
se as coisas alguma vez chegarão a fazer sentido.
Por agora Irmão Lobo continuará a morar na mesa-de-cabeceira.
Um dia, eu crescendo, se verá.
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Bibliografia:
Irmão Lobo
texto de Carla Maia de Almeida | ilustração de António Jorge Gonçalves.
Carcavelos: Planeta Tangerina,
2013.
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